O "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", certamente a mais importante das obras teológicas sobre a devoção à Virgem Maria.
Essa devoção se fundamenta em dois princípios:
1. Deus quis servir-se de Maria na Encarnação, ou seja, o Verbo de Deus se fez homem através de Maria, com o consentimento d'Ela, com a participação d'Ela. O Pai pediu sua anuência; o filho habitou seu seio; o Espírito Santo a cobriu com sua sombra (cfr. Lc 1,35).
2. Deus quer servir-se de Maria na santificação das almas. Pois sendo Ele invariável em sua conduta, é ainda e sempre através de Maria que forma Jesus Cristo nas almas. Ele continua sendo o "bendito fruto" de seu ventre e "é certo que Jesus Cristo para cada homem que o possui em particular, é tão verdadeiramente fruto e obras de Maria, como o é para todo o mundo em geral" (TVD, 33).
Por isso a devoção à Santíssima Virgem é necessária a todos os homens para a salvação e, muito especialmente, àqueles que são chamados a uma perfeição particular" (TVD, 40-43).
A verdadeira devoção à Santíssima Virgem tem, segundo São Luís, cinco características:
1. Ela é interior, ou seja, vem do espírito e do coração, fundamentando-se numa idéia adequada do enorme papel representado por Maria no plano da Redenção, e num amor coerente com essa idéia;
2. Ela é terna, gerando na alma uma grande confiança, que faz recorrer a Maria em todas as suas necessidades, como uma criança recorre a sua mãe;
3. Ela é santa, isto é, faz com que se evite todo o pecado e se imitem as virtudes da Santíssima Virgem;
4. Ela é constante, consolidando a alma no bem e fazendo com que não abandone facilmente o caminho iniciado.
5. Ela é desinteressada, inspirando a alma a buscar mais a glória de Deus que suas próprias vantagens.
Todas essas notas, São Luís as reúne na prática que chama de escravidão de amor à Santíssima Virgem, pela qual se entregam a Maria todos os bens interiores e exteriores, para que de tudo Ela disponha segundo o agrado de Deus.
Às vésperas da Revolução Francesa, que pregaria a total liberdade, São Luís ensina a escravidão àquela que se proclamou escrava de Deus.
Publicado no Jornal Veritas, no 8 - abril de 1986 - ano2
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